Flamengo avança à final da Libertadores; Palmeiras precisa vencer por 4 gols de diferença contra Liga de Quito

Depois de uma semifinal cheia de reviravoltas, o Clube de Regatas do Flamengo garantiu vaga na final da Copa Libertadores 2025 com um empate em 0 a 0 contra o Racing Club de Avellaneda no Allianz Parque. O resultado, somado ao 1 a 0 na ida, fez o time carioca avançar por 1 a 0 no agregado — e agora, espera o vencedor do duelo mais inesperado da história recente da competição: Sociedade Esportiva Palmeiras contra Liga Deportiva Universitaria de Quito. O time equatoriano, que surpreendeu ao vencer por 3 a 0 na ida, precisa apenas de um empate para avançar. Mas o Palmeiras? Precisa vencer por **quatro gols de diferença**. Sim, quatro. É isso mesmo. Nada menos que uma goleada histórica para manter viva a esperança de um título brasileiro — e quebrar um tabu que dura desde 2018.

Flamengo avança, mas sem brilho

O jogo entre Flamengo e Racing foi de poucos momentos de qualidade, mas de muita pressão. O gol de Gabriel Barbosa na ida, marcado aos 38 minutos do primeiro tempo, foi decisivo. Na volta, o Flamengo controlou o jogo, mas não criou chances claras. O Racing, por sua vez, jogou com disciplina tática, fechou o meio-campo e tentou surpreender nos contra-ataques. O árbitro chileno Carlos Astroza teve um dia tranquilo — apenas um cartão amarelo para cada lado. O empate em 0 a 0 não agradou a torcida, mas foi suficiente. O Flamengo vai à final pela quinta vez desde 2019 — e pela terceira vez em cinco anos. O que mais pesa, porém, é a sensação de que o time não está em sua melhor forma. A pergunta que fica: será que o Flamengo está pronto para enfrentar um adversário que chegou à final com a força de um time que jogou como se não tivesse medo de ninguém?

Liga de Quito: o sonho equatoriano

A vitória por 3 a 0 sobre o Palmeiras no Estadio Monumental de Quito foi, sem exagero, a maior conquista da história recente do futebol equatoriano. O gol de Enner Valencia aos 12 minutos, seguido de dois de Carlos Gruezo (aos 34 e 78), deixou o Brasil em estado de choque. O Palmeiras, que chegou à semifinal como favorito, parecia confiante demais. A equipe de Abel Ferreira errou passes simples, perdeu bolas aéreas e não soube reagir ao pressão constante dos equatorianos. A torcida de Quito, vestida de azul e branco, gritou como se já fosse campeã. E não é para menos: desde 2008, nenhum clube do Equador chegou à final da Libertadores. E desde 2018, nenhum time não brasileiro levantou o troféu. O último campeão fora do Brasil foi o River Plate, em 2018. Desde então, o título foi de Flamengo (2019), Atlético Mineiro (2020), Flamengo (2022) e Botafogo (2024). O equadoriano quer ser o primeiro a interromper esse domínio. E acredita que pode.

Palmeiras: o desafio impossível

O jogo de volta no Allianz Parque será um dos mais tensos da história do clube. O Palmeiras precisa vencer por 4 a 0 — ou por 5 a 1, 6 a 2... qualquer resultado que garanta uma diferença de quatro gols. Não é só uma questão de gols. É uma questão de psicologia. O time que perdeu por 3 a 0 fora de casa, com um dos melhores elencos da América do Sul, precisa superar o trauma, a pressão da torcida e o peso da história. O técnico Abel Ferreira, que já levou o time à final em 2020, disse após o jogo de ida: "Não acredito em impossíveis. Mas acho que vamos precisar de um milagre, ou de um time que jogue como nunca jogou antes." O time tem talento — Endrick, Weverton, Guilherme Arana — mas a confiança está abalada. E quando o futebol entra no campo, a confiança é mais importante que o nome dos jogadores.

Final em Lima: o prêmio e o símbolo

A final única da Copa Libertadores 2025 será disputada no Estadio Monumental de Lima, em Lima, no dia 29 de novembro. O campeão leva US$ 24 milhões — o equivalente a R$ 131,2 milhões — e a vaga automática na Copa Intercontinental. O vice, US$ 7 milhões. Mas o valor mais alto não está no dinheiro. Está na possibilidade de quebrar um ciclo. O futebol sul-americano vive sob o domínio brasileiro. E se a Liga de Quito vencer, será a primeira vez em sete anos que o título não fica no Brasil. Será a prova de que, mesmo com menos recursos, com menos estrutura, o futebol da América do Sul ainda tem espaço para surpresas. E isso, para quem ama o esporte, é mais valioso que qualquer prêmio.

Os números por trás da competição

- US$ 3 milhões foram pagos a cada equipe que passou da fase de grupos (20 times).
- US$ 1,25 milhão por vitória nos octavos de final.
- US$ 1,7 milhão por passar aos quartos.
- US$ 2,3 milhões para cada semifinalista.
- O Botafogo, campeão em 2024, foi eliminado nos octavos — o primeiro campeão defensor a ser eliminado tão cedo desde 2016.

Quem está no caminho da glória?

Se o Flamengo avançar com tranquilidade, a final será um confronto entre dois times que conhecem bem o caminho. Mas se a Liga de Quito vencer, será uma final entre o favorito e o sonhador. O Flamengo tem experiência, estrutura e tradição. A Liga de Quito tem coragem, identidade e o fator surpresa. E no futebol, às vezes, o que parece impossível é só uma bola rolando.