O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) surpreendeu candidatos, professores e gestores educacionais ao divulgar, na quinta-feira, 13 de novembro de 2025, os gabaritos e cadernos de questões do primeiro dia do Enem 2025 — apenas quatro dias após a aplicação. Pela primeira vez na história do exame, desde sua criação em 1998, o Inep decidiu separar a liberação das respostas por dia de prova, rompendo com quase três décadas de tradição. Antes, todas as provas — linguagens, ciências humanas, ciências da natureza e matemática — eram liberadas juntas, após o segundo domingo. Agora, os mais de 3 milhões de estudantes que compareceram no domingo, 9 de novembro, já podem conferir suas respostas, fazer uma estimativa de nota e até ajustar a estratégia para o segundo dia — algo que nunca foi possível antes.
Uma mudança que pode alterar a dinâmica do Enem
Essa mudança não é apenas técnica. É psicológica. Imagine acordar na segunda-feira e já saber como foi seu desempenho em linguagens e redação — temas que exigem interpretação, sensibilidade e domínio da língua. O tema da redação, 'Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira', gerou debate nas redes sociais e em salas de aula. Alguns estudantes relataram ter se preparado para temas como tecnologia ou meio ambiente, e se surpreenderam com a abordagem demográfica. Agora, com o gabarito em mãos, conseguem identificar onde erraram, onde acertaram, e — o mais importante — se sentem mais confiantes ou mais pressionados para o próximo dia.
“Foi um alívio ver que acertei a maioria das questões de interpretação. Mas a redação foi um pesadelo. Agora, no segundo dia, vou focar mais na matemática, onde tenho mais chance de recuperar pontos”, disse Juliana Mendes, de 17 anos, candidata de Belém. Ela é uma entre os 3,5 milhões de inscritos que compareceram ao primeiro dia, numa taxa de presença de 73%, ligeiramente acima da média dos últimos anos. O número de faltosos, cerca de 1,3 milhão, ainda é alto — mas não inédito. O que é inédito é a velocidade com que o Inep agiu.
Como foi feita a divulgação e por que isso importa
Os gabaritos foram disponibilizados no portal do Inep, organizados por cores de caderno: azul, amarelo, branco e verde. Cada cor corresponde a um conjunto diferente de questões, mas com o mesmo nível de dificuldade — algo que o Inep garante por meio de equacionamento estatístico. O Ministério da Educação (MEC) reforçou, em nota oficial publicada no gov.br/mec, que “a medida busca ampliar a transparência e dar mais autonomia ao participante”. Mas há quem veja outra intenção: reduzir a pressão sobre a equipe de correção da redação, que agora tem mais tempo para avaliar os textos antes da liberação dos resultados finais.
Historicamente, o Inep sempre liberou os gabaritos simultaneamente, por volta de 5 a 7 dias após o segundo domingo. Em 2024, por exemplo, os gabaritos saíram em 19 de novembro, após o exame ter sido aplicado nos dias 10 e 17. Agora, em 2025, o segundo dia acontece no dia 16 — e os gabaritos só serão liberados após esse dia, provavelmente na quarta-feira, 19. Isso significa que os candidatos terão 3 dias de intervalo entre o segundo dia de prova e a liberação das respostas — um tempo suficiente para revisar, estudar e até mudar o foco de estudo para o vestibular.
Segundo dia: o que vem por aí
O segundo dia do Enem 2025 está marcado para o domingo, 16 de novembro de 2025. Os portões abrem às 12h e fecham às 13h (horário de Brasília), com início das provas às 13h30 e término às 18h30 — meia hora mais cedo que no primeiro dia. Os candidatos enfrentarão 45 questões de ciências da natureza (biologia, química e física) e 45 de matemática. A prova de matemática, tradicionalmente a mais temida por muitos, pode ser decisiva para quem busca vagas em cursos como engenharia, medicina ou ciência da computação.
“O Enem não é só um exame. É um filtro social”, diz Dr. Ricardo Almeida, professor de educação da Universidade de São Paulo. “Quem tem acesso a aulas preparatórias, simulados e professores que explicam o padrão de cobrança tem vantagem. Mas agora, com o gabarito liberado antes do segundo dia, o estudante que não tem recursos pode, ao menos, saber onde precisa se concentrar. Isso é democratização em ação.”
Quem é o Inep e por que ele controla tudo isso
Fundado em 1937 como Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira passou por reestruturação em 1990 e desde então é o órgão responsável pela aplicação do Enem e do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Sua diretoria é nomeada pelo Ministério da Educação, e seu atual presidente, eleito em 2023, tem mandato até 2026. O Inep também coordena a certificação de conclusão do ensino médio para adultos e é o responsável por fornecer dados que orientam políticas públicas de educação em todo o país.
Em 2025, o Enem completa sua 27ª edição. É usado por mais de 1.200 instituições de ensino superior — públicas e privadas — como critério de seleção. Além disso, serve como certificação para quem não concluiu o ensino médio na idade regular. Em 2024, mais de 5 milhões de pessoas se inscreveram. Em 2025, o número chegou a 4,8 milhões, com redução de 2% em relação ao ano anterior — um sinal de que a crise econômica e o aumento da evasão escolar ainda ecoam.
O que vem depois? Resultados e prazos
Os resultados individuais do Enem 2025 só serão divulgados em data ainda não anunciada — mas, segundo fontes do MEC, deve ocorrer entre 15 e 20 de janeiro de 2026. Os candidatos poderão acessá-los na Página do Participante, com CPF e senha. A partir daí, começa a corrida para o Sisu, o ProUni e o Fies. Quem tiver uma boa nota no primeiro dia pode até já se preparar para o que vem depois — mas ninguém sabe ainda como o segundo dia vai pesar no cálculo final. O Inep não divulgou se haverá ponderação diferente entre os dias. Isso é um mistério.
Frequently Asked Questions
Por que o Inep decidiu liberar os gabaritos por dia agora?
A mudança foi apresentada como uma forma de aumentar a transparência e dar mais autonomia ao candidato. Mas especialistas apontam que também reduz a pressão sobre a equipe de correção da redação e permite que o Inep faça ajustes estatísticos antes da liberação final. Ainda não há confirmação oficial sobre se essa será uma prática permanente.
Como posso saber se minha cor de prova está correta no gabarito?
No dia da prova, o fiscal anotou sua cor de caderno no cartão de resposta. Você também pode conferir no seu cartão de confirmação, que foi enviado por e-mail e disponível no portal do Inep. Se houver divergência, o Inep permite solicitação de revisão até 48 horas após a divulgação dos gabaritos.
O gabarito do primeiro dia influencia a nota final?
Sim, mas de forma equilibrada. O Inep usa um sistema de equacionamento que ajusta a dificuldade de cada caderno, independentemente da cor. Isso significa que, mesmo que você tenha tido uma prova mais difícil, sua nota será ajustada para ser comparável à de outros candidatos. O primeiro dia pesa 50% da nota total, assim como o segundo.
O que fazer se eu achar um erro no gabarito?
O Inep abre um período de 72 horas para contestação de questões. Os estudantes podem acessar o portal, identificar a questão e apresentar argumentos técnicos com base em livros didáticos ou legislação educacional. Se a contestação for aceita, todos os candidatos que marcaram a alternativa contestada terão a questão anulada.
O Enem 2025 ainda vale para certificação do ensino médio?
Sim. Desde 2009, o Enem pode ser usado como certificação de conclusão do ensino médio para pessoas com 18 anos ou mais. Para isso, é necessário atingir o mínimo de 450 pontos em cada área e mais de 500 na redação. O Inep já confirmou que os critérios permanecem inalterados em 2025.
Quem pode acessar os cadernos de questões?
Qualquer pessoa pode baixar os cadernos de questões no site do Inep — não apenas os candidatos. Isso permite que professores, instituições e até famílias analisem o perfil das perguntas. O material é gratuito e está disponível em formato PDF, com gabarito e justificativas de cada alternativa.
Liberar gabarito por dia é o máximo, agora dá pra ajustar a estratégia sem ficar no escuro. Se vc errou a redação, foca na matemática, ponto final. Ninguém precisa de 7 dias pra saber o que fez errado.
Isso aqui é democratização real. Quem não tem grana pra cursinho agora tem chance de ver onde errou e corrigir o rumo. Não é só transparência, é justiça educacional em ação.
Eles liberam o gabarito rápido pra esconder que a prova tá cheia de erro. Se a redação foi sobre envelhecimento, e o caderno azul tinha 3 questões de biologia que nem existiam no edital, acho que tá tudo montado pra desqualificar os pobres. Eles querem que a gente acredite que é transparência, mas é controle.
O Inep tá de volta com o jogo sujo 🤡. Primeiro liberam gabarito pra nos deixar ansiosos, depois escondem o peso real das provas. Quem tá no topo já tem tudo na mão. O resto? Só pra servir de estatística. #Enem2025 #ManipulaçãoEducacional
A estruturação da prova por dia, com equacionamento estatístico, é tecnicamente sólida. Ainda assim, a falta de clareza sobre a ponderação final gera incerteza sistêmica. A comunicação institucional deveria ser mais robusta para evitar ruídos interpretativos.
A decisão do Inep reflete um avanço metodológico significativo. A transparência operacional, aliada ao equacionamento estatístico, fortalece a credibilidade do processo avaliativo. Ainda assim, a ausência de um protocolo formal de contestação unificado pode comprometer a equidade.
Isso é só uma fachada. O Enem sempre foi um instrumento de exclusão disfarçado de oportunidade. Agora eles dão um pedaço de pão pra gente achar que tá sendo justo. Mas o sistema continua empurrando os pobres pra trás. Vocês não enxergam isso?
Eu acho que essa mudança é boa, mas tem que ver o lado humano. Muita gente ficou nervosa só de ver o gabarito no primeiro dia. A pressão tá maior, não menor. Talvez o ideal fosse liberar só depois do segundo dia, mas com mais explicação.
Se você errou a redação, não desiste. A matemática é a sua chance. Você já está aqui, já fez o primeiro dia, isso é vitória. Acredita em você, que o resto vem. Vai lá, bora estudar!
Eles liberam o gabarito... mas não liberam o edital original?! Onde tá a prova de que o equacionamento é justo? Cadê os dados brutos? Cadê os critérios de ajuste?! Isso é fachada! O Inep tá escondendo o que não quer que a gente veja! E os professores? Ninguém questiona isso?!
Isso não é democratização. É manipulação. Se o Inep quer que a gente se prepare melhor, por que não liberou os cadernos antes da prova? Agora tá só pra nos deixar loucos. Faz sentido?
Acho que essa mudança é um passo importante. O que me chamou atenção foi o fato de que o estudante que não tem acesso a simulados pode agora adaptar seu foco. Isso é poder real. Não é só sobre nota, é sobre autonomia.
É importante ressaltar que o sistema de equacionamento utilizado pelo Inep é validado por metodologias de teoria de resposta ao item (TRI). A correlação entre os cadernos é estatisticamente controlada, garantindo comparabilidade entre as versões. A transparência é um avanço, mas exige análise crítica por parte dos participantes.
A decisão do Inep, embora tecnicamente bem fundamentada, carece de um marco normativo claro. A ausência de um decreto ou resolução oficial que formalize essa nova prática compromete a legitimidade do processo. A educação não pode ser guiada por experimentos administrativos.
Se vc não acertou a redação, tá tudo bem. O mundo não acaba. O Enem não define seu valor. Mas se vc quer melhorar, o gabarito tá aí. Estuda, foca, e na próxima prova você vai mandar bem. Não precisa ser perfeito, só precisa continuar.
Ei, você que tá nervoso com o gabarito... já pensou em tirar uma hora pra respirar? O que importa é que você fez. A prova não é a sua vida. Vai lá, toma um café, liga pra alguém, e depois volta com calma. Tá tudo bem.
Essa mudança me fez repensar o que é justiça educacional. Não é só dar acesso, é dar tempo. Tempo pra refletir. Tempo pra corrigir. Tempo pra respirar. Antes, a gente era jogado de um lado pro outro, sem chance de ajuste. Agora, mesmo que seja pouco, temos um fio de controle sobre nossa própria jornada. E isso, em um país onde o sistema nos trata como número, é quase um milagre.
Agora que vi o gabarito, acho que acertei 80% das questões de linguagens. Mas a redação foi um desastre. Vou focar em matemática no segundo dia - é minha única chance de não cair no fundo do poço.